sábado, 8 de junho de 2024

CONCURSO - ENSAIO FILOSÓFICO

 


Este ano a Biblioteca Escolar em parceria com o grupo de professores de filosofia lançou o concurso: Ensaio filosófico, com a finalidade de promover não só o gosto pela leitura como também a expressão escrita. Neste sentido, os alunos do ensino secundário foram desafiados a escrever um ensaio filosófico ou texto argumentativo no âmbito das Aprendizagens Essenciais dinamizadas ao longo do ano na disciplina de filosofia . Os alunos responderam positivamente e  refletiram sobre  variados temas/problemas do mundo contemporâneo porque a filosofia não é uma transmissão de respostas mas uma atividade crítica, pessoal e argumentativa. Os textos vão ser apreciados por um júri para se encontrarem os vencedores: primeiro prémio, segundo prémio e uma menção honrosa. Até ao final do mês vão ser conhecidos os resultados  neste blog.

                                                                                                         Prof. Raquel Pereira

quinta-feira, 30 de maio de 2024

Visionamento do filme na aula de Filosofia: DEUS NÃO ESTÁ MORTO ... - QUERES FAZER UM COMENTÁRIO?

 

 

O filme conta a história de Josh Wheaton, um novo aluno universitário que pretende se
formar em direito. Josh é cristão desde o nascimento, tendo sempre sido criado com a
crença que Deus existe e que é a causa do universo. O que o mesmo não esperava, era
que durante a sua primeira aula de filosofia do semestre, lhe fosse pedido pelo professor
Jeffersom, ateísta, que escrevesse, tal como o resto da turma, a frase “Deus está
morto”. Josh recusa-se a fazer o trabalho devido às suas crenças religiosas, sendo
desafiado pelo professor a fazer um debate de três sessões, onde o mesmo deveria
provar a ele e a toda a turma o seu ponto de vista, caso contrário, o mesmo chumbaria à
cadeira. Durante as primeiras duas sessões, Josh é incapaz de convencer os seus
colegas, acabando sempre com falta de argumentos bem fundamentados que
contrapusessem as críticas lançadas pelo seu professor. O mesmo não desiste da ideia
de fazer a sua crença prevalecer, o que lhe custa o namoro com a sua namorada Kara.
No debate final, Josh questiona ao professor a razão pela qual o mesmo não acredita em
Deus, e o mesmo responde que é pelo ódio que sente por o mesmo não ter impedido a
morte da sua mãe, sendo depois questionado como é possível odiar algo que não existe,
gerando na turma a dita frase “Deus não está morto” entoada pelos seus colegas que
fazem o professor sair da sala derrotado. O filme também retrata outros personagens,
como Ayisha, uma personagem islâmica que se converte ao cristianismo e é deserdada
pelo pai, ou Martin, um aluno chinês cristão que está proibido de falar de religião pelo
seu pai de forma a evitar as chances do seu irmão nos seus estudos no estrangeiro.
Toda a temática do filme é a diversificação das crenças presentes no mundo, como
todas elas são importantes para os indivíduos que nela acreditam, não tendo nós, seres
humanos, o direito de julgar alguém pelas crenças que escolhemos ter, pois cada um
deve acreditar no que melhor acredita para a nossa felicidade. O filme também aborda
a necessidade de mesmo não necessariamente tendo uma crença ou discordando das
crenças alheias, devemos sempre tirar um tempo para as discutir, seja em contexto de
sala de aula, entre amigos ou família, permitindo-nos criar novas opiniões
fundamentadas sobre o assunto, causadas pelas experiências de um outrem.
Na minha opinião, a cena mais “pesada” do filme foi definitivamente a expulsão da
personagem Ayisha da sua casa devido à diferença de crença entre ela e a sua família,
sendo um momento extremamente emotivo que a meu ver, deixaria qualquer um
destroçado, especialmente um pai que tivesse de escolher entre a família ou a crença
em Deus.
Com isto, é importante reafirmar, que mesmo que tenhamos as nossas razões para
acreditar, ou não na existência de Deus, não devemos jamais impor as nossas crenças
noutras pessoas, pois o mesmo só causa discórdia entre as pessoas, devemos, no
entanto, discutir as nossas opiniões de forma civilizada, ouvindo os dois lados para no
fim tirar uma boa conclusão.

                                                                                     Paulo Costa 11ºR

Como se pode argumentar contra a existência de Deus?

 

São Tomás de Aquino defende o argumento cosmológico, também chamado de problema da causa primeira, onde afirma que todas as coisas existentes têm uma causa, causa essa que tem outra causa, diferente de si, e assim sucessivamente numa regressão temporal até chegar à primeira causa, a causa que tudo causa mas que por nada é causada, ou seja, Deus, que por não ser uma entidade espácio-temporal não tem causa. Neste contexto, para Kant, não é legítimo que São Tomás de Aquino use o princípio da causalidade, uma vez que a causa é condição dos fenómenos, ou seja das coisas naturais ou físicas e, por isso, não podemos extrapolar da realidade natural para a realidade metafísica, para além disso o argumento passa da causalidade no mundo para uma causa primeira que sendo esta um fenómeno faria parte do espaço/tempo o que seria incompatível com a ideia de Deus eterno e omnipresente.

                                                                         Lara Costa, 11º B

 

Como é que Santo Anselmo argumenta a favor da existência de Deus?


 

O argumento teísta de Santo Anselmo é um argumento ontológico uma vez que o autor defende que “Deus é o ser maior do que o qual nada pode ser pensado” e faz referência à essência de Deus ao afirmar que possui todas as qualidades num grau máximo de grandiosidade ou perfeição. Assim, a condição necessária da sua perfeição é a existência, visto que existir é mais grandioso que não existir. Para além disso dizer que Deus ser perfeito, não existe leva-nos a uma contradição lógica.

Assim, Deus não pode estar apenas no intelecto já que poderíamos pensar em algo maior na realidade. Logo, Deus existe necessariamente porque se encontra no espírito/pensamento e por essa razão tem que existir também na realidade.

                                                                Lara Costa, 11º B

É o mal moral e natural compatível com a existência de Deus?


 

Vivemos num mundo repleto de males, sejam estes males físicos, como os tsunamis, as secas, as pragas, por outras palavras as catástrofes naturais; ou até mesmo males morais, como é o caso dos roubos, das guerras, dos homicídios, entre outros, como a negligência presente nas ações humanas. Mas será este tipo de mal compatível com a existência de Deus? É a este tipo de pergunta que o argumento do mal tenta responder. No entanto, outros argumentos teístas procuram avaliar as razões apresentadas. O tema da filosofia da religião é tão antigo quanto o homem e não se esgota na reflexão critica. Nesta dissertação irei esclarecer o problema do mal e apresentar a resposta da Teodiceita de Leibniz, seguida de uma objeção e respetiva resposta da Teodiceia.

O argumento do mal procura negar a existência de Deus. Defende que se o mal existe, Deus omnipotente, omnisciente e sumamente bom não pode existir, pois a definição de mal e a do Deus teísta são incompatíveis. Uma vez que Deus é omnipotente, poderia acabar com o mal; como é omnisciente, saberia da existência do mal; e, por último, por ser sumamente bom, iria querer evitar o mal. Assim sendo, Deus não pode existir, pois o mal existe.

         A este argumento a Teodiceia de Leibniz contrapõe considerando que apesar de todo o mal vivemos no melhor mundo possível, porque Deus sumamente bom só é capaz de pensar na melhor escolha e, pondo em prática o princípio do melhor, concluiu que o nosso mundo atual é a melhor de todas as possibilidades. O teísmo recorre à noção de livre-arbítrio dizendo que o sofrimento não é causado por Deus, mas sim pelas pessoas.

Deste modo, apesar do mundo estar repleto de males, os seres humanos são livres de escolher entre o bem e o mal. Deus omnipotente poderia criar um mundo sem a existência do mal, mas para isso Deus teria de nos fazer como máquinas programadas só capazes de exercer o bem, num determinismo absoluto. Se assim fosse o ser humano não teria livre-arbítrio e isso não faria de Deus sumamente bom porque não respeitaria a nossa autonomia e capacidade de auto-determinação. Deus só pode fazer o que é logicamente possível.

         A esta tese os defensores poderiam criticar o sofrimento excessivo e a tamanha crueldade, e supor que Deus poderia fazer o homem sem a definição de mal.

         Ao que a Teodiceia de Leibniz teria de responder que o sofrimento é um bem maior para um bem maior ainda, ou seja, o ser humano tem de sofrer para melhorar moralmente, sofrer e aprender na terra para um dia obter a salvação, e se Deus criasse o ser humano sem a definição de mal, para além de não seremos verdadeiramente livres, também não haveria excedentes do bem sobre o mal. Os males naturais que não dependem do homem são uma oportunidade para a humanidade realizar boas ações ou atos heroicos. Quanto ao sofrimento dos mais frágeis o teísmo responde que esse sofrimento pode ser sempre recompensado na outra vida.

 

         Eu concordo totalmente com a tese de Leibniz, pois além de termos livre-arbítrio e o mal ser provocado pelas nossas escolhas, também considero que não faria sentido haver uma salvação eterna se fossemos programados para fazer só e somente o bem, ou seja, o que está correto na vida. Podemos concluir que a fé é uma via de acesso a Deus, um caminho alternativo de quem procura a salvação eterna e o consolo para todos os seus problemas.

                                                                                    Lara Costa, 11º B

CONCURSO - ENSAIO FILOSÓFICO

  Este ano a Biblioteca Escolar em parceria com o grupo de professores de filosofia lançou o concurso: Ensaio filosófico, com a finalidade d...