O determinismo moderado é uma perspetiva filosófica que propõe conciliar o determinismo radical e o libertismo: duas teorias opostas que procuram responder à pergunta - SERÁ QUE SOMOS LIVRES?
A questão do livre-arbítrio tem sido discutida à escala planetária. Se por um lado somos determinados por questões biológicas e culturais, também não podemos negar o poder da razão que nos distingue das outras espécies animais, tais como as térmitas, as abelhas ou as aranhas. Nesta reflexão irei defender a teoria compatibilista do determinismo moderado e apresentar um argumento e uma objeção. Evidentemente que também irei dar resposta à objeção para reforçar o meu ponto de vista.
Com efeito há acontecimentos que são condicionados por uma combinação de causas determinísticas e contingências, reconhecendo-se assim a existência de uma certa inevitabilidade, mas também podemos dar espaço para o acaso e capacidade pessoal de reflexão sobre os acontecimentos. Esta abordagem oferece uma visão equilibrada entre o determinismo absoluto ou radical e o livre-arbítrio, enriquecendo a nossa compreensão sobre a complexidade inerente à natureza humana.
Ao defender o determinismo moderado, considero que esta teoria oferece uma explicação mais realista e completa para os fenómenos que observamos no mundo. Reconhecer a influência de fatores deterministas não nega a individualidade ou a capacidade de escolha, mas antes sublinha e realça a interação intrincada entre variáveis que moldam a nossa vida e consequentemente os nossos destinos.
A ciência moderna, especialmente a física quântica, revela um universo onde o princípio da incerteza desafia a rigidez do determinismo absoluto. A nível molecular, eventos aleatórios ocorrem, demonstrando que o acaso desempenha um papel inegável na formação dos acontecimentos. O determinismo moderado surge como uma tentativa de resposta ponderada para conciliar a oposição entre radicais quer sejam deterministas quer sejam libertistas, incorporando a complexidade do mundo físico numa filosofia que não subestima a imprevisibilidade.
O determinismo moderado encontra o seu fundamento na compreensão das influências quer genéticas quer ambientais as quais moldam as personalidades e escolhas individuais. Não se trata de uma negação do livre-arbítrio, mas sim de uma aceitação de que o contexto pode exercer uma influência considerável sobre as decisões que tomamos. Esta perspetiva reconhece que ao mesmo tempo as circunstâncias podem ser determinantes, mas existe uma margem para a autodeterminação.
A adesão ao determinismo moderado não implica uma resignação passiva diante da vida. Pelo contrário, ao compreendermos as forças que moldam o nosso percurso, conseguimos maior capacidade de adaptação e uma consciência mais profunda das nossas escolhas quando realizamos o processo de deliberação. A interação entre determinismo e libertistas oferece assim uma visão mais enriquecedora e multifacetada da existência, permitindo-nos abraçar a complexidade sem cair em extremos simplistas.
Em suma, o determinismo moderado surge como uma filosofia que respeita a ordem inerente ao universo, reconhecendo a sua natureza determinista sem ignorar o acaso. Ao abraçarmos esta perspetiva, elevamos a nossa compreensão do mundo e da condição humana e assumimos uma visão equilibrada que não desconsidera a determinação nem a liberdade.
Neuza Pinto – Ensino recorrente, 10ºR
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